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RETROSPECTIVA 2020 - Uma perspectiva otimista para a humanidade

O ano de 2020 ficará marcado por diversos fatores, embora a adversidade sanitária provocada pela ‘covid 19’ tenha tido foco e talvez tenha sido o estopim para implantação e implementação de renovação perante as relações humanas. Inobstante, devemos ter orgulho em âmbito global pela demonstração de capacidade de organização para alcançarmos objetivos em comum.
Cremos que a próxima geração fará as honras de abrir as portas para uma nova era no que tange o desenvolvimento e utilização das tecnologias de comunicação e informação. Vimos que está mais difícil de sermos escravizados por conta da alienação de conhecimento. Existem diversos setores a serem melhorados, mas nossa base como sociedade, como é de nossa natureza, é justamente a comunicação, e, ela está aí, com possibilidade de ser discutida e debatida em tempo real, independente do grau social do indivíduo. Podemos nos arriscar em dizer que alcançamos o mínimo possível.
A caminhada ainda é longa e desafiadora, mas sentimos que ingressamos numa era de maior iluminação, de solidariedade. Tivemos mais 1,7 milhões de mortos até o presente momento, mas fomos rápidos na reação, a tecnologia e velocidade como a informação vem se transmitindo é a ferramenta crucial para lograrmos êxito na descoberta e desenvolvimento de diversas áreas científicas.
A população aprendeu a equilibrar o poder político e combater os interesses individuais que barram a consecução do interesse humanitário. A sociedade vem aprendendo a criticar o discurso e a oratória, demonstrou que não são palavras que guiam uma sociedade, no entanto ações geridas por pessoas de competência e que detenham o mínimo de interesse no comum.
Nossa linguagem vem se tornando universal. O conhecimento, se não for de todos, não deve servir de arma para ninguém. A ignorância e barbárie vem sendo rechaçada e a ciência vem ganhando cada vez mais espaço. Debate-se, então, a validade e comprovação das teorias e descobertas, caindo por terra, como dito, os discursos infundados.
A violência e repressão não se prestam para resolver qualquer tipo de questionamento e o poder tende a ser diluído uma vez que as relações vêm se baseando em requisições mais diretas, sem a necessidade de intermediadores. Então, abre-se mais uma porta, a virtude da transparência.
Banco de dados de interesse comum vem se tornando de acesso público, permitindo-se que seja questionado qualquer poder ou benefício excessivo que se aufira dos cargos de confiança.
Diante deste panorama, discutimos cada vez mais a democracia, e, por consequência, a igualdade. Alcançamos cada vez mais a máxima aristotélica no que toca a isonomia - tratai a cada homem como igual na medida de suas desigualdades.
O ano foi marcado por intenso debate com relação ao racismo, posição da mulher, desconsideração do gênero como elemento para qualquer condição de posicionamento social.
Podemos prever que há abertura de espaço para a mulher em um campo de real igualdade com repressão aos extremismos atrelados à mudança, retirando a ideologia de submissão de partes como condição para sua consecução. Será oportunidade para melhor evolução também da mentalidade do homem.
Temos alicerces para que a união de um para com o outro seja cada vez mais contributiva e aqueles que não tiverem competência necessária para se adaptar, ficarão restritos aos estratos mais baixos da sociedade. A natureza humana ganha espaço para manifestação das vocações naturais em equilíbrio com a consciência e razão.
A discussão central no que toca a participação do gênero feminino não toca apenas às leis contra violência, todavia de acessibilidade e efetiva participação dentro da sociedade com colaboração e inclusão ativa de suas vocações. A repreensão sobre a conduta ganhou força e passa a ser a base para reprovação social de comportamentos que não sejam condizentes com a nossa atual realidade como humanos.
O ano de 2020 também foi bastante intenso na proteção e fortalecimento do combate ao racismo estrutural. Busca-se, então, extirpar da memória coletiva elementos que causem segregação étnica. Quer dizer, não vivemos mais em torno de discursos, mas de ações monitoradas que busquem refletir eficácia no que toca a política de igualdade.
Não se admite, não se tem aprovação pública, qualquer ato que seja incondizente com o real contexto de igualdade, que dê condição supérflua de superioridade de um homem sobre o outro. Toda conquista do individuo será mensurada pelo mérito.
Analisamos pelo decorrer dos fatos diversas denúncias percorrendo o mundo em fração de segundos. É impressionante como algumas questões são tão delicadas e sensíveis que passam despercebidas aos nossos olhos e está presente no nosso cotidiano travando o desenvolvimento humano e entravando desigualdades. Ganha maior atenção as discussões inerentes ao desenvolvimento humano.
É permitido se expressar livremente, inclusive, fora de sua própria bolha. A luta pela liberdade com relação a orientação sexual ganha cada vez mais amplitude. Chega a ser banal como questões do tipo dependam apenas de acesso à informação.
Intrinsecamente, é possível que todos nos entendamos como iguais, no entanto, em meio à inúmeras propagandas, orientações e distorções ideológicas, um ponto tão essencial ganha rumos desastrosos.
A população LGBT ganha espaço e voz, consegue se comunicar e defender o seu espaço sem que haja dentro de um contexto pessoal reflexo no âmbito vocacional. Hoje, se perguntássemos se a orientação sexual de alguém interferiria nas suas competências, teríamos uma surpresa em ver que ter-se-ia como resposta uma repulsa até mesmo com relação a pergunta. Discute-se, acima de tudo, a inclusão, a propagação do respeito como regra e não como exceção.
A imprensa que detinha monopólio dos meios de comunicação perde espaço para as mídias sociais e compete com influenciadores de diversas ordens. Quem ganha com isso é a população no sentido de existir competição para propagação da informação e influência publicitária, gerando maior competitividade pela credibilidade no que toca a veracidade da notícia ou informação veiculada, a qual não se admite que seja feita a qualquer custo.
Detemos maior acesso e alcance da fonte de informação a fim de checar sua validade. Ganha-se atenção com relação a checagem da realidade dos fatos, e, em torno disso, tem-se maior noção do direito de contraditório, com a possibilidade de cada pessoa ter seu próprio espaço em meio digital para se expressar.
Embora o momento seja de tensão como deve ser toda mudança, o medo deve ser deixado de lado para que haja espaço para o novo, para que possamos nos adequar a nova realidade de forma mais dinâmica.
A síntese contextual mencionada parece versar sobre uma utopia ou uma mensagem meramente otimista. No entanto, nossa evolução como humanos permite ver pela janela da história que já passamos por momentos piores, e, que sempre haverá conflitos e posições divergentes que entrarão em choque.
Enfrentamos a necessidade de correr contra o tempo ante a possibilidade de crescimento populacional e demanda de alimentos e outros produtos naturais que abastecem nosso consumo. A grande tendência não é segregação das nações em torno de um problema que é comum, no entanto, a sua reunião para tratar de temas específicos, como produzir e como distribuir.
Hoje, segundo dados da ONU, produzimos mais do que necessitamos, no entanto quase 1 bilhão de pessoas passam fome ou não contam com recursos suficientes para prover uma vida digna. Uma das questões centrais não é só a produção, no entanto a distribuição da riqueza que geramos.
Debatemos mundialmente sobre cooperação para sustentabilidade na exploração de recursos naturais, logo não é nenhuma bobagem entender que evoluímos o pensamento no que toca a partição de atividades para grupos e nações que tenham maior habilidade ou vocação em determinadas áreas da ciência.
Em torno do tema, temos como prova a distribuição rápida e contributiva de conhecimentos científicos para alcançar um resultado paritário. Evidente que a questão é polêmica, pois envolve parâmetros econômicos e financeiros também para produção e distribuição, mas é um indicador de nosso comportamento daqui para frente.
Podemos dizer que 2020 foi, portanto, um ano revolucionário no que toca nossa comunicação. Foi um ano de aplicação de grandes agendas globais no fim de testar nossa capacidade de absorver conhecimento e aplica-lo em contexto prático-coletivo.
A troca e autonomia de trabalho vem ganhando força ante a necessária reorganização deste campo. Já não se vê a estrita necessidade da permanência física da pessoa e disposição ociosa de tempo em um único local com custos atrelados a um único empreendedor.
Ainda que alguns setores venham deter o controle da produção, a participação individual poderá ser executada por habilidade autônoma, não dependendo de vínculo de dependência e abrindo espaço para que se possa dispor de tempo para as necessidades mais naturais e consequentemente de menor sobrecarga de trabalho. O mérito e vocação pessoal poderá ser auferida com condição de autoavaliação pelo próprio indivíduo.
Não é nenhuma utopia vislumbrar a semente que viemos plantando há décadas surtir frutos cada vez mais rápidos. Também é verdade que o ritmo acelerado também traz mais tensões e insegurança na troca dessas relações. Algumas áreas terão, inevitavelmente, que ser revistas.
A segurança, participação de órgãos mundiais nas tomadas de decisões de importância dentro das diversas nações, maior unificação de linguagem e interesses, políticas de intervenção no que toca viabilização e acompanhamento do desenvolvimento de sociedades segregadas, por exemplo.
Qualquer desnível na disputa de interesses é um risco muito maior considerando tragédias globais. A democracia em si, precisará de intensa revisão e implementação constante. A partir da oitiva é que poderemos evitar que conflitos sejam instaurados. Compreender a necessidade de nossos pares e alocação em seus lugares ideais nos proporcionará uma cultura mais rica e participativa.
Aprendemos que a humanidade não deve mais se condicionar à guerra pela disputa de espaço uma vez que seja possível a reunião de conhecimento e tecnologia para resolver problemas de ordem comum. A nova cultura empresarial já marcha nesse ritmo. Aquelas que buscam disputar apenas espaço, não terão condição de alcançar sucesso dentro de seus respectivos nichos.
As grandes empresas já nascem com algum ideal e propósito para a sociedade. A troca pelo uso e permanência na participação da vida das pessoas é a implementação de melhorias para todo o grupo.
Cabe a nós observarmos que a forma de fazer é de grande importância. O quão os empresários estarão preparados para recrutar pessoas criativas, para promover o conhecimento desde a infância, como se colocarão no meio social que os acolherão e como participarão ativamente para implantação de melhorias sustentáveis são condições necessárias para sobreviver aos novos mercados.
Os grupos de maior poder econômico deverão estar atentos em implantar novidades tecnológicas para melhorar a sustentabilidade e recuperação dos recursos naturais.
O ano de 2021 abrirá as portas para um novo desafio. As economias deverão enfrentar recuperação e evitar ainda mais prejuízos em decorrência das paralisações decorrentes da crise sanitária. O desafio estará atrelado à contribuição e participação conjunta para melhorias no desempenho financeiro das nações. A consequência será a maior preocupação com o desenvolvimento humano.
Passamos a entender melhor a necessidade de dedicar maior eficácia em desenvolver os grupos que estão ligados as atividades mais periféricas. Pensar de forma contrária é viver e construir uma riqueza e domínio de conhecimento artificial, pois nos relacionamos como uma rede em constante conexão, o mal existente em qualquer setor, contamina os demais por mais distante que estejam. A termo igualdade também deverá ser revisto.
No Brasil, vimos uma justiça participativa, rápida e eficaz, de competência para mediar conflitos políticos e sociais, exercendo o seu poder com a devida ponderação, com ouvidos abertos para os conhecimentos necessários aos julgamentos emergentes, olhos vendados para ideologias, e espada ativa contra coações a ameaças.
A questão é estar devidamente preparados para alcançarmos o bem, evitar que contextos destrutivos prevaleçam sobre o ideal social. A paz, a prosperidade, o crescimento não vêm gratuitamente. Crescer implica em, justamente, se submeter aos desafios, deixar para trás antigos comportamentos ou ações, agradecer pela continuidade do aprendizado sem esquecimento das falhas passadas, sem se martirizar com os erros já cometidos.
Aos poucos vamos deixando para trás todos os níveis de barbárie para alcançar níveis cada vez mais elevados de iluminação. Seja qual for o contexto que nos espera, a humanidade se mostra forte, maleável, preparada e pronta para continuar.
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